domingo, 11 de dezembro de 2011

Da ficção a realidade

Ao assistir ao episódio 11 da 5ª temporada do seriado The Big Bang Theory, refleti, mais uma vez, sob o tema bullying. Neste episódio, um dos personagens, Leonard, se vê perante a possibilidade de reencontrar um dos bullies que marcou sua vida escolar. O personagem faz uma lista das 14 piores coisas que o bullie fez contra ele. O que mais chama atenção neste núcleo não é a quantidade de coisas ruins feitas pelo bullie, mas a lembrança fresca e intensa de Leonard, bem como seu continuado temor do bullie, mesmo após tantos anos. Será que as vítimas, mesmo passado anos e a vida tendo seguido seu curso, continuam revivendo em suas memórias as situações passadas?
Em outro núcleo, outra personagem, Penny, se arrepende de ter feito bullying com algumas colegas da escola. Após tantos anos, ela nunca tinha percebido que as "brincadeiras" que havia feito com as colegas não eram tão engraçadas assim. As atuais amigas, que sofreram bullying em suas vidas escolares é que chamam sua atenção para a gravidade de seus atos.
O que quero dizer com tudo isso? Bullying deixa consequências, mesmo passados anos, quem sofreu lembra. Porém, isso não é tão verdade para quem pratica. São poucos os que tomam consciência e se arrependem de verdade do que fizeram.

Qual o papel dos professores?

Sempre quando pensamos em bullying, associamos ao comportamento dos alunos. Claro que pensamos, como fator mitigador, nos professores, diretores e pais. Todavia, sabemos que o apredizado também se dá através de observação e exemplos. Será que essas "brincadeiras" não são práticas usuais entre os professores, não só na sala dos professores? Assim sendo, sugiro a leitura do artigo "Violência na escola: uma reflexão sobre o bullying e a prática educativa" dos autores Herculano Ricardo Campos e Samia Dayana Cardoso Jorge.Resumo:
O bullying envolve todas as atitudes agressivas, intencionais e repetitivas – adotadas por uma ou mais pessoas contra outra – que acontecem sem motivação evidente, causando dor e angústia. Quando executado na escola, resulta em comprometimento da aprendizagem, da vontade de estudar e de todo o ambiente educativo. Um questionário com perguntas fechadas foi aplicado a 107 educadores, em 14 escolas particulares de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, e as respostas receberam tratamento estatístico no programa Statistic Package for the Social Sciences (SPSS). Os dados mostram que 83% dos entrevistados já ouviram falar em bullying e a necessidade de intervenção foi relatada por 97,03% dos entrevistados, dos quais 73,27% já foram chamados por alunos ou funcionários da escola para emediarem situações dessa ordem. Sugere-se a intensificação de estudos relacionados ao assunto e o desenvolvimento de ações e programas que envolvam a comunidade escolar (educadores, pais, alunos, funcionários), em parceria com o Conselho Tutelar e demais órgãos ligados à proteção da criança e do adolescente.

domingo, 27 de novembro de 2011

Estudo mostra aumento de bullying

Estudo publicado essa semana mostra que o bullying vem aumentando entre os estudante dos EUA, principalmente através dos meios de comunicação, como internet e celular.
A minha indagação é: será que o bullying em si aumentou ou as pessoas, que agora sabem o que é, estão prestando mais atenção no que vem sofrendo e dando nome?
Veja a matéria publicada no estadão:

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Da música ao bullying

Anunciado no último dia 02/11, nos Estados Unidos, a cantora Lady Gaga lança uma fundação para ajudar pessoas vítimas de bullying e abandono. A fundação, batizada de Born This Way em referência à música com a qual ela conquistou o Grammy, foi lançada pela cantora e por sua mãe, Cynthia Germanotta. Com a instituição, a cantora dá continuidade ao seu projeto de defender questões relacionadas aos jovens. A Fundação vai trabalhar com o Centro Berkman para Internet, além de ter firmado acordo com a Universidade Harvard para pesquisas e estudos sobre bullying.
Agora só falta a música tema da fundação!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Uma ótima iniciativa anti-bullying

Na ETEC do Guarujá/SP um grupo de alunos do Ensino Médio utilizou o tema bullying para produzir um filme de mais de uma hora. Para tal foi feita muita pesquisa e entrevista com os próprios alunos.
Confira o trailer e a matéria na íntegra no link abaixo.

http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/08/23/alunos-da-etec-fazem-filme-de-ficcao-sobre-bullying.jhtm

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Nova série The Yard

Todos nós sabemos que o bullying é mostrado em diversos filmes americanos, por isso mesmo muitas pessoas insistem em afirmar que há mais prática lá do que aqui, ou então que o fenômeno teve início lá e depois se espalhou pelo mundo. Não é pelo fato de ter mais divulgação, que o bullying nos EUA  seja mais intenso ou ocorra com maior frequência. Alguns países nórdicos ou mesmo a Inglaterra tem incidências maiores que os EUA.
Não critico o fato do bullying americano ser extremamente filmado e comentado. É uma forma de observar e debater o assunto. Porém, hoje, um amigo me passou o link de uma nova série que foi lançada no Canadá. A série tem por intuito, até onde eu entendi, debater assuntos adultos na figura das crianças, já que isso choca mais. Mas eu me questiono de como realmente chegará ao público no mundo todo. Ou seja, como os espectadores irão receber as informações. Será mais um momento de violência na TV, ou as pessoas realmente param para refletir o que vêem?
Assistam o trailer da série e me diga sua opinião.
http://www.seriesfree.biz/2011/08/the-yard/

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cuidado com os vários livros sobre bullying

Fico feliz quando me perguntam qual fonte eu aconselho para pesquisa sobre bullying. Costumo dizer para ver livros sobre o assunto, mas tomar cuidado com a tendência à auto ajuda dos autores. Um bom livro sobre bullying é aquele que sobretudo é informativo, sem apelações, sem romances. Hoje temos muitos livros com essa temática, o que torna mais rica a pesquisa e o encontro da informação desejada. E é claro que é importante essa diversidade, pois estamos sempre ressaltando o assunto, porém tome cuidado. Muitos curiosos sobre bullying fazem uma rápida pesquisa e escrevem sobre. Há diversos profissionais qualificados que tem seus livros publicados, mas outros nem tanto. Por isso, assim como na internet que você escolhe os melhores sites, escolha os melhores livros, os autores mais capacitados no assunto e livros que abordem o que lhe interessa sobre bullying.
Não vou citar nenhum livro aqui. Se alguém quiser dicas de livro, me escreva, dizendo as necessidades, que eu indico o que avalio como o mais adequado.
Mas acima de tudo, informe-se e busque outras fontes que não o jornal ou a televisão, eles podem estar viciados!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Two and a Half men

Não creio que a série Two and a Half men seja lá muito educativa, mas no 1º episódio da 5ª temporada o assunto principal é a primeira aula do Jake no Junior High, que equivale ao antigo colegial e atual Ensino Fundamental II. Seu pai, Alan, tenta lhe prevenir sobre o que pode lhe ocorrer e cita diversas formas como o filho pode sofrer bullying. O termo não é utilizado, mas o fato é que seu pai, que sofreu muito bullying na escola, passa todos os seus receios e medos para o filho. Assim, o pobre garoto vai morrendo de medo para sua aula. Resumindo, ele falta ao primeiro dia de aula apavorado com as coisas que o pai havia lhe falado e com as atrocidades que pudesse sofrer.
Qual comparação eu quero fazer? 
Por mais que os pais queiram alertar seus filhos sobre o que eles podem sofrer na vida, eles não podem proibir seus filhos de terem suas próprias vivências. O que os pais devem fazer é escutar seu filho, mostrar que podem confiar neles, e quando o filho vier pedir conselhos ou questionar sobre o que fazer em dada situação, aí sim os pais devem ajudar, mas sem trazer o problema para eles.

domingo, 7 de agosto de 2011

O que pode incitar o bullying?

Hoje, ao assistir o Fantástico, me deparei com uma matéria sobre jogos violentos. Um dos assuntos que abordo nas palestras para as escolas é exatamente fatores que podem influenciar um jovem a praticar bullying, falando de jogos e filmes violentos.
Nós temos por hábito achar que tudo é regra, ou seja, se você jogar esses jogos de vídeo game violentos, você terá um comportamento mais agressivo, ou não. Mas não é tão linear assim. Os jogos e filmes violentos se jogados e assistidos com frequência PODEM (não é regra) dissensibilizar, quem os utiliza, quanto à violência. Ou seja, quanto mais tempo você estiver exposto a situações violentas, mesmo que de forma fictícia, você tende a achar isso mais normal e ver com mais naturalidade o fato. Porém isso não faz de você um agressor em potencial, mas também não quer dizer que nunca acontecerá.
O que eu quero deixar claro com tudo isso é: não é ação e reação. Não é pelo fato do seu filho jogar jogos violentos, com mortes e tiros que fará dele um agressor ou atirador. Há outros fatores envolvidos nesses comportamentos. Mas não devemos ignorar o fato da dissensibilização à violência. Não podemos criar crianças e adolescentes que acham comum um homicídio ou um assalto a mão armada. Não podemos criar pessoas passivas à violência, que é o que esses jogos, em sua maioria, podem, com mais veemência, causar.
Em uma das palestras, ao dizer tudo isso, um menino fez a colocação de que ele fazia uso desse tipo de jogo como uma forma de extravasar as angústias e raivas que ele passara durante o dia. Eu, então, disse a ele para jogar futebol ou alguma outra atividade que consumisse mais a energia física dele, e não só a mental. Existem outras formas de canalizarmos nossas energias, que não vídeo games violentos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Um caso real

Depois da pausa para merecidas férias escolares, estamos de volta.

Hoje quero contar a vocês sobre um caso que me foi apresentado. Mais uma vez coloco como fundamental o papel dos pais e educadores.

Na escola H, duas amigas, Beatriz e Amanda (nomes fictícios), viviam juntas para todo lugar que iam. Amanda era um pouco depressiva e Beatriz escrevia muito bem. Ao passo que Amanda contava  suas agruras, principalmente no que se referia aos amores de sua vida, Beatriz escrevia crônicas e poemas sobre o que a amiga lhe contava. 
Um certo dia (e esse dia sempre chega), Amanda e Beatriz brigaram. Eis que a mãe de Amanda chega à escola, com alguns dos textos que Beatriz havia escrito. A mãe insinuava que a filha sofria bullying e tinha como provar através dos escritos.
A coordenadora, sem saber o que ocorria, chamou Beatriz a sua sala e questionou sobre o que escreveu. A adolescente afirmou que esse era motivo de brincadeira entre as meninas e que ela só escreveu coisas na presença da Amanda, enquanto elas eram amigas. Agora, então, era a vez de chamar a Amanda, para ouví-la. Para surpresa de todos, Amanda confirmou a versão da Beatriz e disse, ainda, que o mal entendido foi feito por parte de sua mãe. Quando a mãe foi chamada e confrontada com a nova versão da filha, disse que a filha estava sendo influenciada a dizer aquilo, mas que vinha sofrendo bullying e estava abalada psicologicamente. Continuou, dizendo que ia fazer um boletim de ocorrência contra a escola por ter negligenciado o caso.
Hoje, a coordenadora, que fez o que estava ao seu alcance, responde a um processo. As adolescentes envolvidas não voltaram a ser amigas, mas não brigam mais e nem caluniam sobre ninguém. A escola não quis penalizar o caso, mas desenvolve ações para esclarecimento sobre o que é bullying e sobre respeito aos demais.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Uma possível consequência do bullying: violência contra a mulher

Um estudo desenvolvido nos Estados Unidos aponta que 38% dos homens que cometeram violência contra a mulher no último ano, praticavam bullying na fase escolar.
Claro que temos que nos precaver do que o bullying pode trazer como consequências, mas não vamos ficar achando que todo autor de bullying se tornará um agressor de mulheres. Esse é um estudo que ainda precisa de replicações em outros países e estados para podermos chegar a um veredicto.
Confira a matéria na íntegra

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Artes marciais para lidar com o bullying

Alguns profissionais sugerem artes marciais para crianças e adolescentes que estejam sofrendo bullying. Como já disse, é importante que a criança se identifique com algo, podendo ser esporte, arte, música, artesanato, entre outros. Ao buscar o talento pessoal, estamos valorizando a individualidade, e incentivando o lado positivo de cada um. Se uma criança gosta de arte marcial, qualquer que seja ela, creio que o incentivo a prática é extremamente positivo. Porém, colocar uma criança para praticar uma arte marcial, simplesmente para aprender a se defender, pode gerar situações desagradáveis. Claro que é uma alternativa para defesa própria, mas nem sempre é a melhor solução. Se essa for a decisão da família, que procure um bom profissional, que não incentive o revide, e que mostre que a arte marcial não pode ser utilizada para agressão. O meu receio do incentivo da prática da luta, por parte de alguns profissionais é: será que essas crianças terão o discernimento do momento que podem ou não podem empregar o aprendido? Será que em algum momento, essa vítima não poderá ser autora e utilizar os "golpes" aprendidos para vitimizar outro.
Ao mesmo tempo, quero parabenizar os bons profissionais das artes marciais, que conseguiram recobrar a auto-estima de muitas vítimas de bullying, fazendo com que elas conseguissem procurar ajuda e sair desse comportamento.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Palestra no Colégio Santa Catarina de Sena

Gostaria de aproveitar o espaço para agradecer a equipe do Colégio Santa Catarina de Sena e aos alunos pelo espaço de informação e discussão sobre bullying, bem como as diversas perguntas pertinentes ao tema. Agradeço também a presença dos pais.
Nessa oportunidade, foi levantada a questão de levar os não o caso de bulllying à delegacia, gerando um Boletim de Ocorrência (B.O.).
Questionado sobre isso, respondi que devemos evitar que o bullying chegue ao nível de necessitar de interferência policial. Caso um aluno esteja se sentindo vitimizado por bullying ou brincadeira de mau gosto, deve, primeiramente, buscar o auxílio nos pais ou responsáveis, que conjuntamente devem procurar o(a) coordenador(a), e, pacificamente, tentarem solucionar o assunto.
Pedi aos pais presentes, discernimento para lidar com tais situações, já que os filhos podem super valorizar um acontecimento, ou mesmo exagerar o acontecido.
Os coordenadores e psicólogos da instituição saberão como proceder quanto ao caso. É de extrema importância levar ao conhecimento dos coordenadores o acontecido, pois, muitas vezes, eles não sabem o que se passa com todos os alunos. Cabe aos pais, auxiliar na coibição do fenômeno, mesmo quando não é com seu filho.
Quando recorrer ao B.O.?
Quando a escola se recusa a intervir no caso ou quando há ameaça de morte. Qualquer situação diferente destas, vamos resolver os casos sem maior alarde, poupando os nossos próprios filhos e alunos da exposição excessiva.

domingo, 15 de maio de 2011

Responsabilidade do cyberbullying

Uma das formas de se fazer bullying é através de meios de comunicação virtuais, como sites de relacionamento, twitter e sms (mensagem de texto no celular). Esse comportamento tem um nome específico, cyberbullying. Diferentemente do bullying, o cyberbullying já pode ser assim considerado, com apenas uma ocorrência. Ou seja, uma única mensagem que eu receba no meu celular dizendo, por exemplo "Te odeio", já é considerado cyberbullying, podendo ser anônima ou não.

Mas de quem é a responsabilidade por este ato?

Normalmente, esse tipo de comportamento ocorre fora da escola: em casa. Assim sendo, os pais que devem se responsabilizar. Mas o que fazer? Vigiar os filhos 24h? Não. Além de educá-los do que é certo e errado, mesmo no ambiente virtual, é importante que os pais tenham acesso às páginas de relacionamento e celular de seus filhos, fazendo uma supervisão discreta, sem interferência direta. Cada dia mais venho pedindo a interferência dos pais na vida de seus filhos, para que passem mais tempo juntos, facilitando a comunicação. Pois, só assim, poderemos agir em uma das frentes para se evitar o bullying e o cyberbullying, a nossa própria casa!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bullying X Brincadeira

Após um mês sem me pronunciar perante os acontecimentos, volto para frizar a diferença de bullying e brincadeira.
Vamos lembrar e contar inclusive para o senador Requião, que um comportamento só pode ser considerado bullying  quando cumpre certos pontos, como:
1) Desigualdade de poder (bonito e feio, forte e fraco, tímido e sociável, etc)
2) Não haver razão evidente e intencionalidade
3) frequência da ocorrência, minimamente três vezes
Então, vamos nos policiar para não sair dizendo por aí que qualquer comportamento de intimidação, chacota ou brincadeira é bullying. Precisa de muito mais do que isso para ser considerado assim.
Outra coisa que eu quero abordar é o papel dos filhos/alunos perante os pais/professores. Alguns alunos me procuram dizendo que estão sofrendo bullying, mas quando me contam o ocorrido, percebo que não pode ser considerado assim, muitas vezes, o que ocorre é uma situação isolada de brincadeira de mau gosto. Claro que isso pode evoluir para bullying, mas é nessa hora que os pais e professores entram para educar. Mas para que isso ocorra é de extrema importância que o filho/aluno conte exatamente o que ocorreu, sendo verdadeiro, para facilitar a ação do adulto. Muitas vezes, sem perceber as consequências, os filhos/alunos aumentam o ocorrido fazendo com que os pais/professores passem por mentirosos ou mesmo extremistas.
Ou seja, pessoas, tomem cuidado com o uso do termo bullying e como contar sobre o episódio sofrido. Tente ser o máximo possível fiel aos acontecimentos!

terça-feira, 5 de abril de 2011

A palavra (não muito sincera) do agressor.

Para encerrar o assunto Casey Haynes, quero que vocês vejam abaixo a entrevista com Richard Gale, o agressor. O psicólogo Fernando Elias José, especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental deu uma entrevista ao IG, dizendo que a afirmação de Ritchard, de que foi a verdadeira vítima do bullying, provavelmente não é verdade. "Ele agride demais para nós acreditarmos que sofreu bullying primeiro. E se Casey praticasse bullying, não teria apanhado tanto antes de revidar", disse. José derruba o argumento de Ritchard ao explicar que dificilmente quem sofre bullying pratica também. "É difícil isso virar uma cadeia. Geralmente a criança que sofre faz de tudo para ser aceita no grupo". Agora, mesmo sendo o vilão da história, Ritchard vai precisar da ajuda de profissionais. "Ele vai precisar entender o estrago que está sendo feito na vida do outro com quem o bullying é praticado e o que isso vai fazer na vida dele", disse José. Veja a matéria na íntegra:


Ao contrário da afirmação do profissional, já está bem estabelecido na literatura de muitos países que a vítima pode sim ser autora. Mais do que isso, muitas vezes essa vítima procurará uma outra vítima em potencial. Fazendo uma analogia, é o que acontece em trotes para entrar nas faculdade e cursos técnicos. Quem recebeu o trote ao entrar na instituição não vê a hora de entrar uma nova turma para então aplicar o trote, como uma "vingança". Alguns já transformaram essa prática em voluntariado, mas muitos ainda aplicam por revolta ao que passaram. Assim acontece nas escolas, com o bullying. Quem um dia foi vítima, no outro procurará alguém mais "frágil" para descontar o que sofreu. Então, vemos a bola de neve na qual o bullying pode se transformar, por isso, mais uma vez, a melhor arma ainda é a prevenção e divulgação do fenômeno e o que ele pode causar num adolescente e na sociedade em geral.
Já citei uma vez, mas citarei novamente. Alguns estudos apontam que crianças e adolescentes que sofreram bullying na infância, continuam sofrendo o mesmo no trabalho, mas com o nome de assédio moral ou  workbullying. Isso definitivamente tem consequências e precisamos dar um basta a esse redemoinho sem fim.
Não esperemos que os autores busquem ajuda profissional para descobrirem o mal do que fazem, mostremos nós a eles, antes mesmo que eles ajam.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Levantamento sobre casos de bullying

Por favor, leiam a matéria abaixo, sobre o sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp) que deseja que todos os casos de bullying sejam a eles reportados.
É interessante que haja um levantamento do número de frequencia dos casos de bullying nas escolas do Brasil todos, porém ainda acharia amis conveniente uma ação dos pais juntamente com a escola para evitar que o fenômeno ocorra.

http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/14260/sindicato-quer-notificacao-de-bullying

Não esperemos que nossos filhos sejam vítimas de bullying

Graças ao caso do menino que revidou o bullying, como eu já mostrei aqui no blog, tem saído na imprensa muitas notas e comentários sobre o assunto bullying. Muitos deles são pertinentes e de fácil aplicação, como essa matéria http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/03/24/bullying-identifique-se-o-seu-filho-e-vitima-desse-tipo-de-intimidacao.jhtm 
O que eu não vi falando em nenhum lugar é sobre "como fazer para que seu filho não seja vítima de bullying, muito menos autor?". Não há uma receita de bolo para evitar que seu filho se envolva em comportamentos agressivos, mas eu garanto que se a criança souber do seu valor, tiver a auto-estima trabalhada, bem como sua aptidões, além de ser reconhecida dentro de casa, além de ter a supervisão de um adulto sempre que possível e abertura para diálogo, dificilmente essa criança se envolverá com bullying. Se acontecer de estar envolvida, os pais logo perceberão, ou mesmo o filho contará, devido a grande abertura que ele terá em casa, podendo os pais, assim, rapidamente acionar a escola e resolver o problema com agilidade e certeza do seu término.
Não esperemos que o bullying bata a nossa porta para então agirmos perante a ele. Melhor do que solucionar o problema, é previní-lo para que não precisemos lidar com o problema.

segunda-feira, 21 de março de 2011

A palavra da vítima

Lembram-se do caso que relatei no post passado, sobre o menino que foi vítima de bullying e revidou. Uma grande polêmica foi gerada sobre esse caso. Diversos pesquisadores e professores de diferentes universidades brasileiras se posicionaram sobre a reação do menino. Uns diziam que não era certo revidar violência com mais violência, outros diziam que só assim colocaria um fim ao ataque. Sem entrar nesse mérito, a questão agora é que está sendo veiculado o vídeo que mostra um relato do menino agredido, que vinha sendo vítima de bullying, e como ele se sentia.
Não creio que os meios justifiquem o fim. Creio que nesse caso a melhor coisa, como em outras situações, o melhor ainda é a prevenção para não precisarmos chegar a um drama como esse.


Depois de ver esse vídeo, pense um pouco também no agressor. O que o levou a fazer isso?
Não adianta entrevistar apenas a vítima. Claro que é importante mostrar a sociedade como se sente uma vítima, mas o que nos leva a maior solução de como isso começa, é através dos agressores. O que eles pensam? Por que eles agem assim? Como é seu ambiente familiar? O que ele sente?
Questionando isso, poderemos chegar ao cerne da questão.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Vítima de bullying tida como herói na internet

Fica claro que o fenômeno bullying vem tomando, cada vez mais, grandes proporções. Dias se passam e o assunto vai sendo difundido na sociedade mundial com um real problema a ser tratado por todos. Porém, ainda há aqueles que levam o bullying, digamos, "na esportiva". Veja a seguir a matéria sobre um adolescente que foi vítima de bullying, revidou e virou pop star.
Não julguemos o caso, apenas constatemos o que anda acontecendo pela nossa sociedade. Violência não é resolvida com mais violência, mas sim com um belo programa social e cultural, que valorize o indivíduo.
Os autores (bullies) não são os vilões, da mesma forma que as vítimas não são os pobrezinhos que merecem ser colocados como heróis, só pelo fato de serem vítimas e aguentarem algumas situações.
Vamos rever os nossos conceitos e pré-conceitos em relação ao bullying.

terça-feira, 15 de março de 2011

Bully: o jogo

Vocês sabiam que há um jogo de vídeo game intitulado Bully? Nesse jogo, até onde eu entendi, ganha mais pontos quem zoar, bater e humilhar os colegas. O jogo é ambientado em uma faculdade americana e virou febre nos EUA. Porém, ao chegar ao Brasil, o jogo foi proibido. Veja na íntegra duas matérias, sendo uma delas da Folha de São Paulo, falando sobre a proibição.
Infelizmente ainda há quem estimule algo tão impetuoso como o bullying. Apesar da proibição da comercialização, o jogo está disponível na internet para ser baixado e jogado. Assim, alertem seus filhos, sobrinhos, alunos e primos do quão ruim é compactuar com algo tão grave, e não levar na brincadeira algo tão sério.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pedido de ajuda

Pessoal, lembra que uma das melhores estratégias para combate ao bullying é a informação?! Pois convido a vocês a me ajudarem na divulgação real do que é esse comportamento. Esse final de semana fiz um curso no qual citaram o bullying, mas de forma bem errada. Um dizia que pegar no pé do colega pode ser considerado bullying, então outro disse que só pode ser considerado bullying quando tem agressão física.
Não imaginava que mesmo com as campanhas em massa, tantas pessoas ainda não conhecem o que realmente é bullying.
Até que no final do curso veio a pérola. Não podemos cometer bullying, porque podemos ser processados.
O processo, ao meu ver, é o que menos importa. É uma forma de coibir, mas há muitas outras justificativas para não se praticar bullying.
Por favor, assim que você tiverem uma oportunidade, me ajudem a divulgar o que realmente é bullying. É uma forma de ajudarmos os que sofrem e os que acham que sofrem com esse fenômeno.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bullying não é coisa de criança!

O principal enfoque que tem sido dado ao bullying, tanto pela mídia, quanto pelos acadêmicos, é o escolar, cuja faixa etária varia de 6 a 18 anos. Porém o bullying não ocorre apenas nessa idade. Já falamos sobre o work bullying ou assédio moral, que tem predominância na idade adulta. No livro "BULLYING: estratégias de sobrevivência para crianças e adultos" das autoras Jane Middelton-Moz e Mary Lee Zawadski, há menção sobre bullying até na família e em outros meios, ocorrendo tanto em crianças, adolescentes e adultos. As autoras apontam que não há um local específico onde o bullying possa ocorrer, mas tem que atender aquelas 3 regras básicas (repetição, diferença de poder e intencionalidade). Todavia, eu acho um pouco complicado generalizarmos dessa forma. Do contrário, todos podem achar que sofrem ou sofreram bullying a todo momento ou em qualquer lugar. Devemos tomas cuidado com o exagero e super valorização do fenômeno. Ainda prefiro manter nosso foco principal nos escolares.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Bullying em números

Estudos apontam que os casos de bullying vem aumentado, que sua incidência  é assustadora e cada vez mais elevada. Creio que o número de casos não tem aumentado de forma gritante. O que observamos é a maior consciência do fenômeno por parte dos educadores, através de campanhas de informação do que é o bullying. Assim, casos que antes eram tidos como simples brincadeira, hoje são caracterizados como bullying.
Estudos realizados mostram que o bullying, de fato, é um problema mundial, que afeta cerca de um terço de crianças por mês. Sendo que 11% das crianças entrevistadas relataram que esse tipo de abuso, praticado pelos seus companheiros, é severo, ocorrendo mais de uma vez por mês.
Você pode pensar que é um número baixo, comparado a outros problemas enfrentados pelos pais e educadores. Realmente não é um número alarmante, porém dos casos que ocorrem, muitos chegam a morte da vítima ou do agressor. Por isso a importância de focarmos a atenção e esforços nesse fenômeno.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"Não ao work bullying" dizem os bancários

Uma das traduções de work bullying é o famoso assédio moral. Nesta quarta-feira, dia 26, os bancários de São Paulo assinaram o acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho pelo combate ao assédio moral.
Será que isso é importante? Sim, é muito significante. Sinal que até o sindicato dos bancários está preocupado com esse fenômeno. Quem sabe esse não seja um exemplo pra outros sindicatos e para escolas também?! É uma forma de dar abertura para as vítimas se abrirem.
Se isso vai funcionar? Tenho fortes motivos para crer que sim.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ping pong de responsabilidade

Não estou aqui para julgar quem começou a briga, quem é responsável pelo bullying, muito menos para ser a dona da verdade de como é o certo para combatermos esse fenômeno. Porém, me sinto na responsabilidade de pontuar, mais uma vez, da imensa responsabilidade dos pais e da escola.
Por que isso agora?
Em alguns estudos de caso, com o relato dos envolvidos, percebo que a "culpa", ou "em quem colocar a culpa" passa ser mais importante do que a resolução do problema em si.
Vamos imaginar mais um caso. Chega aos ouvidos da direção ou coordenação, que um aluno está cometendo bullying contra um colega, através de difamações, agressões no banheiro, chegando até à internet. A orientadora pedagógica, ciente de não poder agir sozinha, chama os pais de ambos alunos. Primeiramente, ela marca um horário com cada família em separado. Após, chama as duas famílias, com seus respectivos filhos, para sanar a questão.
A primeira reunião, individual, mostra-se pouco sucedida. Os pais dizem que a responsabilidade é da escola, e a escola mostra a co-participação dos pais. Já na segunda reunião, agora com todos, os pais tomam as dores do filho que foi vítima, que acabam num bate boca com os pais do agressor, dizendo que não deram educação ao seu filho, por isso que essas agressões acontece. E por aí vai. A coordenadora ou diretora intervêm. É então nessa hora que os pais "se unem" para dizer que a culpa é da escola mesmo, que deveria ter mais vigilância em seus alunos, que deveria desenvolver mais campanhas anti-bullying. Ao final, todos exauridos, a representante pela instituição de ensino aponta que os pais, juntamente coma a escola, poderiam auxiliar na campanha e resolução deste impasse. Qual a reação dos pais? Aceitam a opinião da educadora, mas de verdade nada fazem.
Claro que essa situação que descrevi não é uma regra. Ainda bem! Hipotetizei essa história, para ilustrar que muitas vezes a intenção da culpa se torna mais importante que a solução da situação em si. Na maioria dos casos, não creio que seja importante encontrar um culpado, mas partir para a solução. Até encontrar esse culpado, coisas muito piores podem vir a ocorrer.
Mais uma vez levanto a bandeira da união entre pais e escola para a melhoria do sistema educacional e das campanhas anti-bullying.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Diferença entre meninos e meninas

Será que o bullying é semelhante para meninos e meninas? E as consequências, são iguais?
Como já falamos anteriormente, o bullying praticado pelos meninos é direto, normalmente de forma física, mais fácil de ser observado. Já entre as meninas, ele é mais sorrateiro, indireto, social, através de rumores e fofocas. Isso não quer dizer que os meninos não possam fazer fofoca ou que as meninas não possam sair no tapa. Mas no geral, observamos com maior frequência comportamento agressivos entre meninos do que meninas, porém isso não quer dizer que a frequência de ocorrência seja maior entre o sexo masculino.
Quanto às consequências que o bullying pode acarretar. Muitos são os trabalhos que mostram uma maior sensibilidade dos meninos para eventos traumáticos e estressantes. É como se as meninas tivesse um poder maior de resiliência, sabendo lidar melhor com as situações, sem sair muito ferida delas. Isso pode ser comprovado com a mensuração do cortisol (hormônio do estresse), que, em momentos estressantes, se mostra muito mais elevado dentre os meninos, do que entre as meninas.
Por que será isso? Quer dizer que não preciso me preocupar com o bullying entre as meninas?
Motivos prováveis ainda estão sendo investigados, mas se fala muito sobre a interação do cortisol com os hormônios sexuais, podendo a testosterona ser responsável por essa "sensibilidade". Outros apontam motivos relacionado a evolução, que as mulheres não poderiam ser muito "sensíveis" a pressão social, tendo um maior "jogo de cintura" para lidar com tais situações, já que se elas se abalassem, sua prole correria risco.
A maioria dos estudos que cito apontam seus resultados a partir da média da amostra estudada. Isso quer dizer que a maioria das meninas, comparadas aos meninos, lidam melhor com o estresse. Porém, isso não quer dizer que elas nada sentem com isso. Assim, as campanhas e ações anti-bullying não devem fazer distinção entre sexos, raça, cor, credo ou origem.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Traduções do bullying

Sempre há aqueles que me perguntam uma melhor tradução para bullying. O termo em inglês acabou pegando, já que na nossa língua materna não há uma única palavra que consiga expressar tudo o que o termo bullying abrange. Essa palavrinha já se conquistou diversas classes gramaticais, mas nunca uma tradução. Dentre todas as que já ouvi até hoje, bulição é a que menos me incomoda. Há também bulismo, mas para mim parece uma doença, que ao tomar um remédio há cura, o que não é o caso.
Lembrete: bulimia não tem nada a ver com bullying, como disse uma vez o Faustão. Bulimia é uma doença e bullying é um fenômeno comportamental.
Gostaria de saber de vocês, qual outra tradução (boa ou não), que vocês sabem ou já escutaram, para bullying.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

The Big Bang Theory (o seriado)

No capítulo 6 da primeira temporada do seriado "The Big Bang Theory", há uma passagem sobre a evolução humana. Um dos personagens comenta que a 15 mil anos atrás, o indivíduo que tivesse maior massa corpórea muscular ou maior força, e conseguisse mostrar isso a seu grupo, ganhando duelos, teria mais acesso a fêmeas, podendo ter o posto de macho alfa. O mesmo personagem ressalva que hoje a forma de mostrar dominância mudou. Nos tempos atuais, o macho alfa seria o mais inteligente, com maior traquejo social. Ele aponta que a sociedade vem mudando a forma de pensar do ser humano.
Será?
Logicamente que quem é mais inteligente tem mais portas abertas, mas só isso importa? Infelizmente, muitas vezes, quem é vítima, entende que ser inteligente não basta. Isso não é um incentivo a colocar nossos filhos em academias, mas faria mal além de pensar no desenvolvimento intelectual, pensar um pouco no físico também. Obviamente, dentro das aptidões e desejo de cada um.
Eu bem que gostaria de jogar bola, mas quando fui fazer aula de futebol, consegui mais um grupo de bullies. Então, fui para o ballet e me encontrei.
Uma das formas de lidar com o bullying é mostrar para a criança que está sendo vítima, que ela tem aptidões, e dar oportunidade para ela desenvolvê-las. Vá a uma escola de esportes, dança, artes, música, ou qualquer outra coisa, para aumentar o universo do seu filho, e para que ele tem oportunidade de saber no que realmente é bom. Um caminho para o aumento da auto-estima e redução dos traumas oriundos do bullying.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Da violência à solução

Há uma necessidade humana de soberania e poder que pode ser vista como uma adaptação evolutiva, já que os indivíduos de melhores postos na hierarquia tinham mais oportunidade de cópula e, consequentemente, mais descendentes que carregariam seus genes. Ou seja, quanto maior a hierarquia, mais chance de dar continuidade aos seus genes.
Há muito tempo que nossos ancestrais são seres sociais, e carregam essa "sede" por dominância. Da mesma forma, somos nós. Também temos esse desejo, essa ânsia de nos despontarmos, sermos os melhores, os populares, para, assim, podermos ter mais acesso a recursos, sendo eles alimentação, melhor casa, carro, mulheres, homens, enfim. É natural, inato. O que não é inato, mas aprendido durante a vida, são as formas ou o que fazer para conquistar esse tal desejo. Assim como muitos animais, acabamos utilizando da força, violência e medo para impormos uma certa dominância. Mas se temos essa tal de consciência tão desenvolvida em comparação a outras espécies, por que nos comportamos igualmente ou "pior" que eles?
Quer dizer que o bullying é uma forma de dominância? Em certos aspectos, podemos dizer que sim. Os bullies ou autores se apoderam de uma desigualdade, quer seja ela física ou não, para mostrar a sociedade ou mesmo seus colegas, sua dominância perante alguns. Muitas vezes os bullies são ou foram vítimas de alguém.
Mas como parar essa bola de neve? Mais uma vez eu digo: INFORMAÇÃO! Quanto mais nós internalizarmos o que é o bullying, seus efeitos e ajudarmos de fato, como pais e educadores, a disseminar a ideia das campanhas anti-bullying e a ética, aí sim veremos resultado.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Consciência animal ou selvageria humana?

Muitos de nós acreditam na superioridade humana em relação aos outros animais. Não questionarei isso ainda. Quem sabe num outro post... Enquanto isso, falemos sobre a "sacanagem" (perdão pelo termo) e "crueldade" inerente a nossa espécie.
Pensemos na seguinte cena (quem tem gato entende bem): um gatinho, muito fofinho, encontra uma barata ou um passarinho. É instintivo para o animal matar tal bicho para se alimentar. Porém, antes de se alimentar, ainda com a presa viva, ele brinca com ela, a deixa desacordada, batendo com as patinhas e jogando de um lado para o outro. Quando a presa não se mexe mais, ou o gato cansa de "brincar", ele finalmente faz seu banquete. Alguns podem pensar isso como crueldade ou malvadeza por parte do gato. Mas no final de tudo, ele se alimenta do alimento-brinquedo.
Outra cena, que pode ser vista no youtube: um porco, deitado no chão, amarrado. Enquanto a câmera filma, um grande maçarico é aceso e colocado em direção a pele do porco. Ele tenta se desvencilhar da corda que o prende, "grita" de dor, que não vale de nada. No final, ele será comido? Não. Será exibido aos amigos como prova do feito.
Mais uma: Brasília, há alguns anos atrás: um bando de adolescentes ateia fogo a um índio que dormia tranquilamente na parada de ônibus. Você bem sabe que eles não iam comer o índio, e ainda se desculparam dizendo que achavam que fosse um mendigo.
Agora eu pergunto: quem é mais consciente? Fazemos jus a nossa vantagem evolutiva cerebral?
Relacionarei isso ao bullying no próximo post.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Mobbing na atualidade

Depois de explicado que mobbing é um comportamento observado em animais, alguns se assustam ao ver tal termo sendo utilizado para comportamento humano e no trabalho. O mesmo, ultimamente, vem designando o que no Brasil chamamos de assédio moral, ou work bullying. Isso devido a relação de hierarquia também existente no assédio moral. Todavia, eu não creio que seja o melhor termo a ser empregado para tal comportamento. Continuemos com o nosso assédio moral mesmo.
Mas por que o assédio moral é de tamanha relevância no nosso estudo de bullying? As consequências do bullying sofrido durante a juventude é vista com mais clareza no assédio moral. Estudos apontam que crianças que sofreram bullying, na fase adulta tendem a continuar sofrendo work bullying de seus chefes e colegas. Da mesma forma, crianças autoras, tendem a continuar o comportamento no ambiente de trabalho. E esse é o maior motivo de atestados médicos, faltas, baixo rendimento, pedidos de demissão. Nem para a pessoa que sofre o assédio moral, nem para a empresa é bom que haja esse tipo de comportamento entre a equipe. Todavia, são pouquíssimas empresas que investem em seus funcionários, e menos ainda as que realmente se preocupam com esse tipo de problema. Façamos a nossa parte na base (escolas e família), para que esse fenômeno não evolua para toda vida.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Confeccionando mais uma manga

Mais um caso de comportamento agressivo intergrupo de coespecíficos (dentro de um grupo da mesma espécie).
Quem já foi alimentar os patos e cisnes do lago do parque do Ibirapuera já deve ter presenciado cenas de "malvadeza". Não é incomum você ficar com dó do animal mais mirradinho, e primeiramente ir lá alimentá-lo. Normalmente, os mais franzinos são aqueles que tem algum problema ou não se alimentam direito. Em ambos os casos espera-se que esse individuo tenha um posto muito baixo, se não o mais baixo, na hierarquia do grupo. Assim, você alimentando primeiro a ele, você está infringindo as "normas" do grupo, facilitando que ele leve umas bicadas e bofetadas dos outros animais, que roubam sua comida, e mais uma vez ele fica sem comer. Depois de ver isso, você fica abismado, a criança ao seu lado chora e você diz que os animais do Ibirapuera são malvados, cruéis, além de famintos, e nunca mais volta para alimentá-los. Talvez esse seja um caso de mobbing devido a hierarquia. Mas como observamos com nossa mente cheia de moral, julgamos o comportamento como feio. Se aquele animal todo mirradinho é um dos últimos na hierarquia, há um porque. Os animais não são malvados e indicam seus melhores amigos para os postos mais elevados. Isso é feito por aptidão e potencial de sobrevivência.
Voltando para casos humanos. Eu não estou dizendo que é super normal um menino matar o outro na escola. Eu apenas quero dizer que esse tipo de comportamento não é uma dádiva da nossa espécie, muitas outras, eu diria quase todas, apresentam o mesmo comportamento.
Ah, então quer dizer que é a natureza dos animais, incluindo os seres humanos (que também são animais), ter esse tipo de comportamento e pronto? Claro que não! Há uma diferença entre a nossa espécie e as outras (com excessão dos golfinhos e algumas baleias), que não é a inteligência, mas sim a consciência. Quando praticamos bullying, negamos a existência de todo nosso lobo pré-frontal, responsável pela consciência, e voltamos a ser meros primatas sem rabo. Se é tão importante nos diferenciarmos das outras espécies, sermos "superiores" façamos jus a isso. Tomemos nas mãos a nossa consciência e a usemos. Se as crianças adquirem essa consciência ao longo da vida, então ensinemos a elas o quanto antes, mostrando as consequências de bater e xingar os coleguinhas.
Assim, e somente assim, conseguiremos diminuir as taxas de bullying no Brasil e no mundo!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Do mobbing ao bullying

Como vimos, o mobbing é um comportamento natural entre animais em vivem em grupo, chamados de animais sociais. A vida em grupo pode trazer muitos benefícios, como a possibilidade de caça em bando, abatendo uma presa maior; o efeito diluição, quando a chance de um individuo ser predado diminui em meio a outro indivíduos iguais a ele; oferta de fêmeas e possibilidade de cópula mais fácil, entre outros. Todavia, viver em grupo não é lá mil maravilhas, tem seus contras. Em muitos animais sociais, a melhor forma de organizar o grupo é através da hierarquia. Ou seja, assim como na nossa sociedade tem líderes, os grupos de espécies hierárquicas também tem, que são chamados de alfas. Os machos alfas, assim como nossos governantes, são os que decidem a maior parte das coisas, como alimentação, cópula, território. E obviamente, assim como nós, eles buscam o que há de melhor para eles. O macho alfa sempre tem a melhor fêmea, o melhor território e come em primeiro lugar. Porém, há muitos outros machos que querem esse posto, e por isso o macho alfa é sempre colocado a prova de fogo, chamado para batalhas, que, algumas vezes, só sai vivo o ganhador. Diferentemente do que muitos pensam, o macho alfa nem sempre é o maior ou o mais forte. Não é ele que vai defender o grupo caso venha um predador. Isso é feito, normalmente, pelo grupo todo, com os sons de alarme de predador.
Ok, mas o que isso tudo tem a ver com o bullying?
Simples! Os outros membros do grupo também tem sua hierarquia e regalias ligadas a ela. E, assim como o alfa, são convidados para duelos pelo posto. Isso não é um comportamento apenas de machos. Foi visto um caso entre fêmeas de saguis que viviam no mesmo grupo, com apenas um macho e diversas fêmeas. A fêmea que tem acesso ao macho se chama fêmea alfa, e, na maioria dos casos, é a única que copula com o macho alfa. Todavia, neste caso mencionado, uma outra fêmea consegue copular com o macho alfa. Durante a gravidez dessa fêmea, as outras do mesmo grupo a agridem para que haja um aborto e o filhote não nasça. Se por acaso o filhote ainda consiga nascer, não é raro ver casos de morte do filhote por parte das outras fêmeas.
Esse caso relatado, em comportamento animal, é considerado como comportamento agressivo, mas será que não pode ser considerado um primódio de bullying? Minha orientadora do mestrado prefere dizer que não. Já que mobbing é um comportamento contra predadores e não contra animais da mesma espécie.
Isso da muito pano pra manga, não?!
Comentarei mais no próximo post.