segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Muita calma com as campanhas anti-bullying

Sou extremamente a favor das campanhas anti-bullying. Creio que a informação é a melhor forma de combater os malefícios que o bullying pode acarretar na vida de todos. Através do conhecimento do fenômenos e seus fatores, podemos oferecer ajuda a alunos, pais, escolas e professores que muitas vezes não sabem como lidar com casos específicos. Vejo que os pais tem se preocupado muito com o envolvimento de seus filhos, tanto como vítimas, ou como autores. Mesmo pais cujos filhos não são vítimas, se preocupam com os amigos de seus filhos que são agredidos. Muitos vieram me perguntar como agir quando o bullying não é com seu filho. Prometo em breve falar sobre posturas que podem auxiliar no combate ao bullying por parte dos pais. Hoje, gostaria de comentar algo que vem me assustando.
As escolas, assim como os pais, se preocupam por terem casos de agressão em suas dependências. As instituições de ensino com raros casos de bullying são tidas com mais eficazes. Em uma palestra ouvi o relato de um professor de uma escola. Este contou que o local no qual trabalha, não quer ter problemas com bullying, por isso adotou uma postura rígida. Assim, ele me questionou: "você não acha que com o medo do aumento desse comportamento agressivo, podemos tolher o comportamento social benéfico dos nossos alunos?". Este mesmo professor nos contou que seus alunos não queriam mais fazer trabalhos em grupos e que eram tolhidos a qualquer menção de conversa em sala de aula, por monitores que ali ficam dispostos durante todo o período. Essa mesma atitude é tomada nos pátios e locais comuns aos alunos, que ao qualquer comportamento mais suspeito, são surpreendidos por um laser em sua direção.
Com os programas anti-bullying, não queremos privar a nossa juventude de ter comportamentos sociais que são extremamente positivos e necessários ao desenvolvimento. Não estamos criando autistas, para facilitar o trabalho de lidar com o problema. Muito pelo contrário, temos que promover o hábito coletivo saudável, as amizades e coleguismo, sem ofensas e sem preconceito, valorizando o pluralismo, e observado o direito da individualidade. É considerado bullying apenas o comportamento agressivo às partes envolvidas. Se ambos lidam com a situação como brincadeira, não é mais caracterizado como bullying. Desde que ambos estejam sendo sinceros ao afirmar isso. Há quem goste de ter apelidos, mesmo soando ofensivo aos ouvidos de pais e professores. Devemos observar caso a caso, e não passar o rodo a qualquer menção de um possível caso de bullying.

Um comentário:

  1. Não é difícil detectar bullying. Com um pouco de atenção, é possível.

    Eu acho que a questão é não apenas observar o comportamento (dos agressores e do agredido) durante o suposto bullying. Deve-se observar também, e principalmente, o comportamento das duas partes quando o momento não é de suposto bullying.

    Por exemplo, suponha que estamos numa turma de colégio, e que há um grupo de amigos, do qual o nosso amigo "Fulano" faz parte. O Fulano (a suposta vítima) é um cara quieto, na dele, e os seus colegas (os supostos agressores) zoam da cara dele por ele ser baixinho. Até aí o bullying não pode ser provado, uma vez que pode ser apenas uma brincadeira "carinhosa" dos colegas com o Fulano.

    No entanto, acrescente a isto o fato de o Fulano não ser convidado pelos colegas para festas e o fato de que o Fulano tenta conversar com seus colegas, mas não consegue, é excluído. Com estes dados, pode cravar com 100% de certeza de que o Fulano é vítima de bullying.

    Eu acredito que ninguém deve ser tolhido na sala de aula, mas os agressores devem receber algum tipo de reprimenda (branda que seja) pela agressão, através de chamadas de atenção. Por exemplo: "Nós sabemos que vocês estão agindo de má fé com o Fulano. Sabemos que as suas intenções com ele são as piores possíveis. Saibam que esta é uma atitude horrorosa, repudiável. Se querem se tornar gente um dia, evoluam neste sentido".

    Beijão, Lu, vou divulgar seu blog!

    Samuel Lincoln Magalhães Barrocas

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