segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Bullying em números

Estudos apontam que os casos de bullying vem aumentado, que sua incidência  é assustadora e cada vez mais elevada. Creio que o número de casos não tem aumentado de forma gritante. O que observamos é a maior consciência do fenômeno por parte dos educadores, através de campanhas de informação do que é o bullying. Assim, casos que antes eram tidos como simples brincadeira, hoje são caracterizados como bullying.
Estudos realizados mostram que o bullying, de fato, é um problema mundial, que afeta cerca de um terço de crianças por mês. Sendo que 11% das crianças entrevistadas relataram que esse tipo de abuso, praticado pelos seus companheiros, é severo, ocorrendo mais de uma vez por mês.
Você pode pensar que é um número baixo, comparado a outros problemas enfrentados pelos pais e educadores. Realmente não é um número alarmante, porém dos casos que ocorrem, muitos chegam a morte da vítima ou do agressor. Por isso a importância de focarmos a atenção e esforços nesse fenômeno.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"Não ao work bullying" dizem os bancários

Uma das traduções de work bullying é o famoso assédio moral. Nesta quarta-feira, dia 26, os bancários de São Paulo assinaram o acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho pelo combate ao assédio moral.
Será que isso é importante? Sim, é muito significante. Sinal que até o sindicato dos bancários está preocupado com esse fenômeno. Quem sabe esse não seja um exemplo pra outros sindicatos e para escolas também?! É uma forma de dar abertura para as vítimas se abrirem.
Se isso vai funcionar? Tenho fortes motivos para crer que sim.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ping pong de responsabilidade

Não estou aqui para julgar quem começou a briga, quem é responsável pelo bullying, muito menos para ser a dona da verdade de como é o certo para combatermos esse fenômeno. Porém, me sinto na responsabilidade de pontuar, mais uma vez, da imensa responsabilidade dos pais e da escola.
Por que isso agora?
Em alguns estudos de caso, com o relato dos envolvidos, percebo que a "culpa", ou "em quem colocar a culpa" passa ser mais importante do que a resolução do problema em si.
Vamos imaginar mais um caso. Chega aos ouvidos da direção ou coordenação, que um aluno está cometendo bullying contra um colega, através de difamações, agressões no banheiro, chegando até à internet. A orientadora pedagógica, ciente de não poder agir sozinha, chama os pais de ambos alunos. Primeiramente, ela marca um horário com cada família em separado. Após, chama as duas famílias, com seus respectivos filhos, para sanar a questão.
A primeira reunião, individual, mostra-se pouco sucedida. Os pais dizem que a responsabilidade é da escola, e a escola mostra a co-participação dos pais. Já na segunda reunião, agora com todos, os pais tomam as dores do filho que foi vítima, que acabam num bate boca com os pais do agressor, dizendo que não deram educação ao seu filho, por isso que essas agressões acontece. E por aí vai. A coordenadora ou diretora intervêm. É então nessa hora que os pais "se unem" para dizer que a culpa é da escola mesmo, que deveria ter mais vigilância em seus alunos, que deveria desenvolver mais campanhas anti-bullying. Ao final, todos exauridos, a representante pela instituição de ensino aponta que os pais, juntamente coma a escola, poderiam auxiliar na campanha e resolução deste impasse. Qual a reação dos pais? Aceitam a opinião da educadora, mas de verdade nada fazem.
Claro que essa situação que descrevi não é uma regra. Ainda bem! Hipotetizei essa história, para ilustrar que muitas vezes a intenção da culpa se torna mais importante que a solução da situação em si. Na maioria dos casos, não creio que seja importante encontrar um culpado, mas partir para a solução. Até encontrar esse culpado, coisas muito piores podem vir a ocorrer.
Mais uma vez levanto a bandeira da união entre pais e escola para a melhoria do sistema educacional e das campanhas anti-bullying.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Diferença entre meninos e meninas

Será que o bullying é semelhante para meninos e meninas? E as consequências, são iguais?
Como já falamos anteriormente, o bullying praticado pelos meninos é direto, normalmente de forma física, mais fácil de ser observado. Já entre as meninas, ele é mais sorrateiro, indireto, social, através de rumores e fofocas. Isso não quer dizer que os meninos não possam fazer fofoca ou que as meninas não possam sair no tapa. Mas no geral, observamos com maior frequência comportamento agressivos entre meninos do que meninas, porém isso não quer dizer que a frequência de ocorrência seja maior entre o sexo masculino.
Quanto às consequências que o bullying pode acarretar. Muitos são os trabalhos que mostram uma maior sensibilidade dos meninos para eventos traumáticos e estressantes. É como se as meninas tivesse um poder maior de resiliência, sabendo lidar melhor com as situações, sem sair muito ferida delas. Isso pode ser comprovado com a mensuração do cortisol (hormônio do estresse), que, em momentos estressantes, se mostra muito mais elevado dentre os meninos, do que entre as meninas.
Por que será isso? Quer dizer que não preciso me preocupar com o bullying entre as meninas?
Motivos prováveis ainda estão sendo investigados, mas se fala muito sobre a interação do cortisol com os hormônios sexuais, podendo a testosterona ser responsável por essa "sensibilidade". Outros apontam motivos relacionado a evolução, que as mulheres não poderiam ser muito "sensíveis" a pressão social, tendo um maior "jogo de cintura" para lidar com tais situações, já que se elas se abalassem, sua prole correria risco.
A maioria dos estudos que cito apontam seus resultados a partir da média da amostra estudada. Isso quer dizer que a maioria das meninas, comparadas aos meninos, lidam melhor com o estresse. Porém, isso não quer dizer que elas nada sentem com isso. Assim, as campanhas e ações anti-bullying não devem fazer distinção entre sexos, raça, cor, credo ou origem.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Traduções do bullying

Sempre há aqueles que me perguntam uma melhor tradução para bullying. O termo em inglês acabou pegando, já que na nossa língua materna não há uma única palavra que consiga expressar tudo o que o termo bullying abrange. Essa palavrinha já se conquistou diversas classes gramaticais, mas nunca uma tradução. Dentre todas as que já ouvi até hoje, bulição é a que menos me incomoda. Há também bulismo, mas para mim parece uma doença, que ao tomar um remédio há cura, o que não é o caso.
Lembrete: bulimia não tem nada a ver com bullying, como disse uma vez o Faustão. Bulimia é uma doença e bullying é um fenômeno comportamental.
Gostaria de saber de vocês, qual outra tradução (boa ou não), que vocês sabem ou já escutaram, para bullying.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

The Big Bang Theory (o seriado)

No capítulo 6 da primeira temporada do seriado "The Big Bang Theory", há uma passagem sobre a evolução humana. Um dos personagens comenta que a 15 mil anos atrás, o indivíduo que tivesse maior massa corpórea muscular ou maior força, e conseguisse mostrar isso a seu grupo, ganhando duelos, teria mais acesso a fêmeas, podendo ter o posto de macho alfa. O mesmo personagem ressalva que hoje a forma de mostrar dominância mudou. Nos tempos atuais, o macho alfa seria o mais inteligente, com maior traquejo social. Ele aponta que a sociedade vem mudando a forma de pensar do ser humano.
Será?
Logicamente que quem é mais inteligente tem mais portas abertas, mas só isso importa? Infelizmente, muitas vezes, quem é vítima, entende que ser inteligente não basta. Isso não é um incentivo a colocar nossos filhos em academias, mas faria mal além de pensar no desenvolvimento intelectual, pensar um pouco no físico também. Obviamente, dentro das aptidões e desejo de cada um.
Eu bem que gostaria de jogar bola, mas quando fui fazer aula de futebol, consegui mais um grupo de bullies. Então, fui para o ballet e me encontrei.
Uma das formas de lidar com o bullying é mostrar para a criança que está sendo vítima, que ela tem aptidões, e dar oportunidade para ela desenvolvê-las. Vá a uma escola de esportes, dança, artes, música, ou qualquer outra coisa, para aumentar o universo do seu filho, e para que ele tem oportunidade de saber no que realmente é bom. Um caminho para o aumento da auto-estima e redução dos traumas oriundos do bullying.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Da violência à solução

Há uma necessidade humana de soberania e poder que pode ser vista como uma adaptação evolutiva, já que os indivíduos de melhores postos na hierarquia tinham mais oportunidade de cópula e, consequentemente, mais descendentes que carregariam seus genes. Ou seja, quanto maior a hierarquia, mais chance de dar continuidade aos seus genes.
Há muito tempo que nossos ancestrais são seres sociais, e carregam essa "sede" por dominância. Da mesma forma, somos nós. Também temos esse desejo, essa ânsia de nos despontarmos, sermos os melhores, os populares, para, assim, podermos ter mais acesso a recursos, sendo eles alimentação, melhor casa, carro, mulheres, homens, enfim. É natural, inato. O que não é inato, mas aprendido durante a vida, são as formas ou o que fazer para conquistar esse tal desejo. Assim como muitos animais, acabamos utilizando da força, violência e medo para impormos uma certa dominância. Mas se temos essa tal de consciência tão desenvolvida em comparação a outras espécies, por que nos comportamos igualmente ou "pior" que eles?
Quer dizer que o bullying é uma forma de dominância? Em certos aspectos, podemos dizer que sim. Os bullies ou autores se apoderam de uma desigualdade, quer seja ela física ou não, para mostrar a sociedade ou mesmo seus colegas, sua dominância perante alguns. Muitas vezes os bullies são ou foram vítimas de alguém.
Mas como parar essa bola de neve? Mais uma vez eu digo: INFORMAÇÃO! Quanto mais nós internalizarmos o que é o bullying, seus efeitos e ajudarmos de fato, como pais e educadores, a disseminar a ideia das campanhas anti-bullying e a ética, aí sim veremos resultado.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Consciência animal ou selvageria humana?

Muitos de nós acreditam na superioridade humana em relação aos outros animais. Não questionarei isso ainda. Quem sabe num outro post... Enquanto isso, falemos sobre a "sacanagem" (perdão pelo termo) e "crueldade" inerente a nossa espécie.
Pensemos na seguinte cena (quem tem gato entende bem): um gatinho, muito fofinho, encontra uma barata ou um passarinho. É instintivo para o animal matar tal bicho para se alimentar. Porém, antes de se alimentar, ainda com a presa viva, ele brinca com ela, a deixa desacordada, batendo com as patinhas e jogando de um lado para o outro. Quando a presa não se mexe mais, ou o gato cansa de "brincar", ele finalmente faz seu banquete. Alguns podem pensar isso como crueldade ou malvadeza por parte do gato. Mas no final de tudo, ele se alimenta do alimento-brinquedo.
Outra cena, que pode ser vista no youtube: um porco, deitado no chão, amarrado. Enquanto a câmera filma, um grande maçarico é aceso e colocado em direção a pele do porco. Ele tenta se desvencilhar da corda que o prende, "grita" de dor, que não vale de nada. No final, ele será comido? Não. Será exibido aos amigos como prova do feito.
Mais uma: Brasília, há alguns anos atrás: um bando de adolescentes ateia fogo a um índio que dormia tranquilamente na parada de ônibus. Você bem sabe que eles não iam comer o índio, e ainda se desculparam dizendo que achavam que fosse um mendigo.
Agora eu pergunto: quem é mais consciente? Fazemos jus a nossa vantagem evolutiva cerebral?
Relacionarei isso ao bullying no próximo post.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Mobbing na atualidade

Depois de explicado que mobbing é um comportamento observado em animais, alguns se assustam ao ver tal termo sendo utilizado para comportamento humano e no trabalho. O mesmo, ultimamente, vem designando o que no Brasil chamamos de assédio moral, ou work bullying. Isso devido a relação de hierarquia também existente no assédio moral. Todavia, eu não creio que seja o melhor termo a ser empregado para tal comportamento. Continuemos com o nosso assédio moral mesmo.
Mas por que o assédio moral é de tamanha relevância no nosso estudo de bullying? As consequências do bullying sofrido durante a juventude é vista com mais clareza no assédio moral. Estudos apontam que crianças que sofreram bullying, na fase adulta tendem a continuar sofrendo work bullying de seus chefes e colegas. Da mesma forma, crianças autoras, tendem a continuar o comportamento no ambiente de trabalho. E esse é o maior motivo de atestados médicos, faltas, baixo rendimento, pedidos de demissão. Nem para a pessoa que sofre o assédio moral, nem para a empresa é bom que haja esse tipo de comportamento entre a equipe. Todavia, são pouquíssimas empresas que investem em seus funcionários, e menos ainda as que realmente se preocupam com esse tipo de problema. Façamos a nossa parte na base (escolas e família), para que esse fenômeno não evolua para toda vida.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Confeccionando mais uma manga

Mais um caso de comportamento agressivo intergrupo de coespecíficos (dentro de um grupo da mesma espécie).
Quem já foi alimentar os patos e cisnes do lago do parque do Ibirapuera já deve ter presenciado cenas de "malvadeza". Não é incomum você ficar com dó do animal mais mirradinho, e primeiramente ir lá alimentá-lo. Normalmente, os mais franzinos são aqueles que tem algum problema ou não se alimentam direito. Em ambos os casos espera-se que esse individuo tenha um posto muito baixo, se não o mais baixo, na hierarquia do grupo. Assim, você alimentando primeiro a ele, você está infringindo as "normas" do grupo, facilitando que ele leve umas bicadas e bofetadas dos outros animais, que roubam sua comida, e mais uma vez ele fica sem comer. Depois de ver isso, você fica abismado, a criança ao seu lado chora e você diz que os animais do Ibirapuera são malvados, cruéis, além de famintos, e nunca mais volta para alimentá-los. Talvez esse seja um caso de mobbing devido a hierarquia. Mas como observamos com nossa mente cheia de moral, julgamos o comportamento como feio. Se aquele animal todo mirradinho é um dos últimos na hierarquia, há um porque. Os animais não são malvados e indicam seus melhores amigos para os postos mais elevados. Isso é feito por aptidão e potencial de sobrevivência.
Voltando para casos humanos. Eu não estou dizendo que é super normal um menino matar o outro na escola. Eu apenas quero dizer que esse tipo de comportamento não é uma dádiva da nossa espécie, muitas outras, eu diria quase todas, apresentam o mesmo comportamento.
Ah, então quer dizer que é a natureza dos animais, incluindo os seres humanos (que também são animais), ter esse tipo de comportamento e pronto? Claro que não! Há uma diferença entre a nossa espécie e as outras (com excessão dos golfinhos e algumas baleias), que não é a inteligência, mas sim a consciência. Quando praticamos bullying, negamos a existência de todo nosso lobo pré-frontal, responsável pela consciência, e voltamos a ser meros primatas sem rabo. Se é tão importante nos diferenciarmos das outras espécies, sermos "superiores" façamos jus a isso. Tomemos nas mãos a nossa consciência e a usemos. Se as crianças adquirem essa consciência ao longo da vida, então ensinemos a elas o quanto antes, mostrando as consequências de bater e xingar os coleguinhas.
Assim, e somente assim, conseguiremos diminuir as taxas de bullying no Brasil e no mundo!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Do mobbing ao bullying

Como vimos, o mobbing é um comportamento natural entre animais em vivem em grupo, chamados de animais sociais. A vida em grupo pode trazer muitos benefícios, como a possibilidade de caça em bando, abatendo uma presa maior; o efeito diluição, quando a chance de um individuo ser predado diminui em meio a outro indivíduos iguais a ele; oferta de fêmeas e possibilidade de cópula mais fácil, entre outros. Todavia, viver em grupo não é lá mil maravilhas, tem seus contras. Em muitos animais sociais, a melhor forma de organizar o grupo é através da hierarquia. Ou seja, assim como na nossa sociedade tem líderes, os grupos de espécies hierárquicas também tem, que são chamados de alfas. Os machos alfas, assim como nossos governantes, são os que decidem a maior parte das coisas, como alimentação, cópula, território. E obviamente, assim como nós, eles buscam o que há de melhor para eles. O macho alfa sempre tem a melhor fêmea, o melhor território e come em primeiro lugar. Porém, há muitos outros machos que querem esse posto, e por isso o macho alfa é sempre colocado a prova de fogo, chamado para batalhas, que, algumas vezes, só sai vivo o ganhador. Diferentemente do que muitos pensam, o macho alfa nem sempre é o maior ou o mais forte. Não é ele que vai defender o grupo caso venha um predador. Isso é feito, normalmente, pelo grupo todo, com os sons de alarme de predador.
Ok, mas o que isso tudo tem a ver com o bullying?
Simples! Os outros membros do grupo também tem sua hierarquia e regalias ligadas a ela. E, assim como o alfa, são convidados para duelos pelo posto. Isso não é um comportamento apenas de machos. Foi visto um caso entre fêmeas de saguis que viviam no mesmo grupo, com apenas um macho e diversas fêmeas. A fêmea que tem acesso ao macho se chama fêmea alfa, e, na maioria dos casos, é a única que copula com o macho alfa. Todavia, neste caso mencionado, uma outra fêmea consegue copular com o macho alfa. Durante a gravidez dessa fêmea, as outras do mesmo grupo a agridem para que haja um aborto e o filhote não nasça. Se por acaso o filhote ainda consiga nascer, não é raro ver casos de morte do filhote por parte das outras fêmeas.
Esse caso relatado, em comportamento animal, é considerado como comportamento agressivo, mas será que não pode ser considerado um primódio de bullying? Minha orientadora do mestrado prefere dizer que não. Já que mobbing é um comportamento contra predadores e não contra animais da mesma espécie.
Isso da muito pano pra manga, não?!
Comentarei mais no próximo post.